sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Arrebatados?


Deixados para trás

Entre os protestantes e até alguns católicos, neste período em que tanto se fala do final dos tempos, ouve-se muito falar no “ARREBATAMENTO”. Até foi feita uma série de filmes com o sugestivo nome de “Deixados para trás” que, por sua vez, foi inspirada num conjunto de livros que tratam da vida de cristãos que “não foram arrebatados” e como eles vivem sua recém-descoberta fé cristã durante a “tribulação” após o suposto ARREBATAMENTO.

Mas o que vem a ser afinal, essa doutrina do “ARREBATAMENTO”?  Sabemos que a Igreja não ensina isso. Mas, e nas escrituras, ela encontra realmenterespaldo na Bíblia? Segundo os protestantes com ligeiras variantes, o ARREBATAMENTO consiste no encontro da igreja (a noiva) com Nosso Senhor Jesus (o noivo) nos “ares”. Seria o momento em que Jesus busca a sua igreja do ponto de vista protestante, ou seja, todos que NEle crêem serão arrebatados, desaparecerão da terra para viverem com Ele nos céus até a segunda etapa da sua Segunda Vinda: o Aparecimento Glorioso.

Para sustentar esta teoria, são utilizadas principalmente duas passagens bíblicas, que são:

Mt 24,39-41: “E os homens de nada sabiam, até o momento em que veio o dilúvio e os levou a todos. Assim será também na volta do Filho do Homem. Dois homens estarão no campo: um será tomado, o outro será deixado. Duas mulheres estarão moendo no mesmo moinho: uma será tomada a outra será deixada”.

1 Tess, 14-17: “Se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, cremos também que Deus levará com Jesus os que nele morreram. Eis o que vos declaramos, conforme a palavra do Senhor: por ocasião da vinda do Senhor, nós que ficamos ainda vivos não precederemos os mortos. Quando for dado o sinal, à voz do arcanjo e ao som da trombeta de Deus, o mesmo Senhor descerá do céu e os que morreram em Cristo ressurgirão primeiro. Depois nós, os vivos, os que estamos ainda na terra, seremos arrebatados juntamente com eles sobre nuvens ao encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor”.

São as únicas passagens na bíblia que mencionam especificamente o ARREBATAMENTO dos fiéis. Mas, infelizmente para quem crê no ARREBATAMENTO da forma como ensinado entre os crentes, digamos, “pré-tribulacional”, a própria bíblia desmente esse ponto de vista se a examinarmos com imparcialidade.

Observando a passagem de Mateus, vemos que “E os homens de nada sabiam, até o momento em que veio o dilúvio e os levou a todosAssim também será na volta do Filho do Homem. Dois homens estarão no campo: um será tomado, o outro será deixado”. O versículo anterior, 39, indica claramente que a expressão “tomado e deixado” significa justamente o contrário do que querem fazer crer! Pois, se o dilúvio levou a todos e na volta do Filho do Homem será assim também, então isso implica que quem for levado será levado como o foram os homens que pereceram no dilúvio, ou seja: morrerá! E morrerá provavelmente na pior, sem Deus. É justamente o oposto do que deveríamos desejar que ocorra conosco. Afinal, não houve ARREBATAMENTO dos fiéis durante o dilúvio, houve? Foi o contrário.
No evangelho de Lucas vemos passagem semelhante. E em nenhuma delas podemos concluir com segurança que o “tomado e deixado” tenha algo a ver com o “ARREBATAMENTO pré-tribulacional” conforme pretendido.
Outro ponto interessante é que Jesus diz “na volta do filho do homem”. Não fala em segunda e terceira voltas, antes da tribulação (o falso ARREBATAMENTO) e depois (o verdadeiro, conforme o Apocalipse).

Quanto ao texto de 1 Tessalonicenses, a questão se apresenta ainda mais óbvia. Afinal, quando Cristo vier para julgar os homens, será Sua Segunda Vinda. Se Jesus voltasse antes disso, apenas para buscar os fiéis, então já não seria uma Segunda Vinda. Seria uma “Terceira Vinda”. (!) Além disso, todo o texto sugere que serão os sobreviventes da tribulação que serão arrebatados, pois está escrito: “Depois nós, os vivos, os que estamos ainda na terra (…)”. A passagem é clara.

No livro do Apocalipse, que é o livro por excelência do fim dos tempos, não há nenhuma menção a respeito do falso ARREBATAMENTO. Pelo contrário, o Apocalipse dá a entender que os fiéis serão sim, duramente provados na fé, perseguidos e martirizados. Muitos morrerão! Muitos deles derramarão seu sangue, para “lavarem suas vestes”.
Ou seja, o falso ARREBATAMENTO é uma fantasia de quem quer ser levado ao Céu de corpo e alma, sem passar pela morte física, de quem não deseja carregar a cruz, de quem não tem verdadeira FÉ em Nosso Senhor Jesus Cristo que afirmou: “Quem quiser vir após mim renuncie a si mesmo, tome sua cruz, e siga-me” (Lc 9,23).

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Enfoque desfocado Tudo na vida deve ter limites que não podem ser ultrapassados



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Na mente de muitas pessoas ainda existe aquela convicção de que remédio bom tem de ser amargo. Este, sim, teria efeito garantido. O mesmo se diga sobre o uso legítimo do prazer do corpo. Muitos acham que a busca do prazer físico tem embutido em si um ressaibo pecaminoso. Esta maneira de pensar cria muitos culpados imaginários. Leva àquela falsa ideia do “eu não presto”.  

Jesus, ao contrário, além de ter uma vida disciplinada, também aceitava participar de momentos de boas refeições e tomar bons vinhos. Isso não dava, no entanto, o direito aos Seus inimigos de acusá-Lo: 

“O Filho do Homem é um comilão e beberrão, amigo dos pecadores” (Lc 7, 34). Trata-se dos prazeres legítimos que Deus colocou à nossa disposição. O mundo civil, nos dias atuais, está muito bem equipado com ofertas de prazer. Oferece abundância de comidas sofisticadas, até em linha popular; roupas de grande beleza; joias variadíssimas; remédios em abundância; drogas para esquecer as agruras da vida; festas para todos os gostos; exacerbação sexual. Parece que se está fixando o princípio de vida, comentado por São Paulo: “Comamos e bebamos, porque amanhã morreremos” (I Cor 15, 32). 

Mas não nos iludamos. Tudo na vida deve ter limites, que não podem ser ultrapassados: comida, festas, vida sexual, esportes. Estamos na civilização da abundância, na qual as pessoas buscam sempre mais prazer. Mas as coisas boas precisam estar acompanhadas de disciplina e até de sacrifício. Basta vermos o concurso que foi realizado de Miss Universo. Procurou-se a “mulher mais linda do mundo”. Mas que enorme sacrifício que tiveram de enfrentar: pouca comida, muito exercício, concentração de várias semanas, obediência – sem discussão - aos organizadores... Tudo por um título efêmero. 

Podemos viver tranquilamente os prazeres legítimos da vida, sem traumas. Mas atenção! O salmista ensina: “Deus é o meu bem”  (Sl  16, 2).

 
Dom Aloísio R. Oppermann scj – Arc. Uberaba